Produzir vacina contra febre amarela é desafio para ampliar imunização
02/11/2017 - 19:57

Um desafio para a ampliação da área de imunização contra a febre amarela no país é a disponibilidade de vacinas.

Atualmente, há apenas quatro fabricantes credenciados no mundo. O maior deles é o laboratório brasileiro de Bio-Manguinhos, vinculado à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Segundo informação divulgada no início do ano, ele é capaz de produzir até 9 milhões de doses por mês —procurado desde a última quarta, não informou se houve ampliação da capacidade.

Apenas três cidades cuja inclusão está em estudo somam 22 milhões de habitantes —São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. Considerando-se os demais municípios e as epidemias em outros países que importam o produto, é uma conta difícil de fechar.

"É preciso estudar se vale a pena [ampliar a vacinação a São Paulo e Rio], porque, nesse caso, vai pega uma área urbana muito ampla e povoada, que demandará uma quantidade de vacina que provavelmente nem existe", afirma o epidemiologista Pedro Tauil, da UnB (Universidade de Brasília).

Um dos mais renomados especialistas em febre amarela do país, ele avalia o risco de surto em São Paulo não é elevado, uma vez que não há, ao menos, por ora, registro de casos humanos na região metropolitana. O epidemiologista Massad lembra ainda que não se sabe qual é atualmente o potencial do mosquito Aedes aegypti de transmitir a febre.

A preocupação com o estoque de vacinas, de qualquer forma, também está na lista da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).

Em comunicado na última sexta-feira (27), a entidade faz recomendações "considerando-se as limitações na disponibilidade de vacinas". A primeira sugestão é que países que não estão enfrentando surto não conduzam campanhas de imunização e que seja adiada a a vacinação em crianças de áreas não endêmicas.

Uma das apostas para ampliar a produção é a construção de uma nova unidade de Bio-Manguinhos na zona oeste do Rio.

Outra possibilidade preconizada pela Organização Mundial de Saúde em caso de emergência é o fracionamento da vacina, de modo a atender mais gente -nesse caso, a imunização teria um prazo de validade menor, de um ano, por exemplo. Essa solução foi adotada recentemente com sucesso para conter um surto em Angola.

ESTUDO

Diante da expansão dos casos de febre amarela neste ano, o Ministério da Saúde estuda ampliar a área de recomendação de vacina. Um dos cenários sob análise inclui todas as cidades de São Paulo, Rio e Bahia, incluindo as capitais, hoje fora do mapa.

Essa perspectiva consta de apresentação feita no início do mês pela Secretaria de Vigilância em Saúde para um seminário na Fiocruz. Sob título "plano 2017/2018", a projeção inclui quase todo o país na área com recomendação de vacinação. Fora do perímetro, ficariam áreas com recomendação de vacinação apenas para menores de 5 anos.

Procurado, o ministério afirma que as possibilidades de ampliação do mapa da vacina estão ainda sob análise e que uma decisão será tomada ainda neste ano. Em setembro, a pasta já havia anunciado uma mudança, incluindo na vacinação crianças de nove meses de todo o país.

Por ora, permanece a área de recomendação em vigor. No caso da capital paulista, devem se vacinar só os que viajarão a locais afetados e os que vivem ou trabalham em um raio de 500 metros do Horto Florestal. Fora desse grupo, a imunização por ora é desaconselhada, até porque há risco de efeitos colaterais.

EXPANSÃO

O mapa de recomendação da vacina contra o vírus vem sendo gradualmente ampliado nos últimos 15 anos, à medida que o vírus, antes concentrado na região amazônica, avança em direção à costa do país.

Os casos deste ano, principalmente no Sudeste, levantaram preocupação adicional, uma vez que se aproximaram das duas maiores cidades do país, que têm grande parte da população não imunizada. "Não temos mais argumento para não vacinar o país inteiro", disse na semana passada o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Maurício Nogueira.

A questão não é consenso. "A vacina da febre amarela não é inocente, pode ter reações adversas. Não se pode vacinar um número acima do necessário em cada momento", diz o epidemiologista Eduardo Massad, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Coordenador do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Bandeira avalia que, no atual momento, o importante é de fato concentrar a vacinação nas áreas próximas à morte do macaco para impedir que o vírus deixe as matas.

Resolvido o problema, ele é favorável à inclusão do Rio e de São Paulo na imunização de rotina aos poucos, até porque não há disponibilidade imediata de vacina para toda a população das grandes metrópoles.

"O ideal é que, quando não estivermos em uma situação crítica, possamos fazer a lição de casa para chegarmos mais preparados a uma nova situação mais delicada", diz.

FOLHA DE SP

Problemas na próstata atingem mais da metade dos homens com mais de 50

Novembro é o mês de campanha de conscientização pela saúde masculina, com foco na prevenção do câncer de próstata. Enquanto o câncer é motivo de alerta por ser o segundo mais comum entre homens no Brasil de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) – perdendo apenas para câncer de pele não melanoma – as outras doenças da próstata recebem menos atenção.

Uma pesquisa realizada em 2015 pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria com o laboratório Bayer aponta que 51% dos homens nunca havia se consultado com um urologista, alegando principalmente medo ou falta de tempo.

“Nessa rotina do homem de não procurar um médico, muitas vezes é até o urologista, mais tarde, que vai fazer o diagnóstico de outras doenças, como a diabete ou a pressão alta”, afirma Paulo Lages, oncologista do Onco Vida, com foco em tumores genito-urinários.

O cuidado com a prevenção das doenças na próstata exige que as desculpas fiquem de lado. O médico lembra que, a partir dos 50 anos, os homens devem fazer os exames de toque e de sangue (o PSA, antígeno específico da próstata) anualmente. Quem tem histórico de câncer de próstata na família e homens negros, que têm mais propensão a desenvolver a doença, devem começar aos 45.

Ambos os exames também indicam a presença de outras patologias da glândula que são bastante comuns. Uma delas é a hiperplasia prostática benigna (HPB), um aumento no tamanho da glândula, que virou notícia na semana passada quando o presidente Michel Temer precisou ser internado e passar por um procedimento cirúrgico. Ela atinge cerca de 50% dos homens acima dos 50 anos, de acordo com dados da SBU, e sua incidência aumenta ainda mais na faixa dos 90 anos, afetando cerca de 80% dos pacientes a partir dessa idade.

A HBP precisa ser tratada quando a glândula aumenta muito de tamanho e aperta o canal urinário, podendo causar redução no fluxo de urina e consequentemente incômodo para o paciente. Lages indica que, ao perceber dificuldade para urinar, o homem procure um médico. “O tratamento será feito a partir dos sintomas. A tentativa inicial é com remédios, para tentar melhorar o fluxo. Quando isso não é suficiente, é feita uma raspagem, como no caso de Temer”, afirma.

Infecções ou inflamações na glândula, conhecidas como prostatites, também merecem atenção. Apesar de menos perigosas, elas precisam ser tratadas com medicamentos, como antibióticos, explica Lages. O PSA também é um exame indicado para identificá-las.

Nem as prostatites nem a HBP são indicativas de câncer de próstata, informa o especialista. No entanto, ao fazer os exames para identificá-las, o paciente está também se prevenindo do câncer. Ben Sitller, por exemplo, descobriu a doença aos 48 anos. “Se o médico tivesse esperado, como a Sociedade de Câncer Americana recomenda, até eu completar 50 anos, eu não saberia que tinha um tumor em crescimento até dois anos depois de eu ter sido tratado. Eu nunca teria sido examinado, e não saberia que eu tinha câncer até ser tarde demais para tratá-lo com sucesso”, escreveu Stiller em artigo publicado no Medium.

Infertilidade

A próstata é uma glândula com papel importante no sistema reprodutor masculino, pois atua na produção do líquido que transporta os espermatozóides – função essencial na época em que o homem pretende ter filhos. Portanto, problemas na próstata podem também resultar, mesmo que indiretamente, em perda da fertilidade.

Como a glândula é responsável pela produção de parte do líquido que forma o sêmen, ela tem papel importante na ejaculação. “Um tratamento cirúrgico pode causar lesões nos vasos que transportam o líquido, o que reduz a quantidade de sêmen expelido”, explica Giuliano Bedoschi, especialista em reprodução humana.

Uma inflamação muito grave também pode reduzir temporariamente a qualidade dos espermatozóides, afirma o médico.

Já o câncer de próstata não é prejudicial à fertilidade, mas o tratamento sim. “A quimioterapia e a radioterapia atacam as células que produzem os espermatozóides”, explica Bedoschi. O especialista indica que, se o homem ainda desejar ter filhos após o tratamento, pode ser uma boa ideia pensar em congelar espermatozóides ou embriões antes.

Para entender mais causas e tratamentos da infertilidade masculina, confira nossa reportagem sobre o assunto.

FONTE ISTOÉ
 

FONTE: Isto É
EDIÇÃO: Ley Magalhães