Criana com hansenase morre em Sorriso
03/01/2018 - 22:24
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Um menino de 11 anos que fazia tratamento contra a hanseníase multibacilar morreu na madrugada da última segunda-feira (01.01), em Sorriso (420 quilômetros, ao norte de Cuiabá). Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, mostram que Mato Grosso tem as maiores taxas de detecção da doença do país. No ano de 2016, foram detectados 2.658 novos casos, no Estado.

No caso de Sorriso, D.R. estava internado no hospital regional da cidade, onde deu entrada já com quadro infeccioso. Após, ele teve piora no estado clínico, vindo a sofrer um choque séptico e parada cardiorrespiratória. Na certidão de óbito, constavam como causas sepse e a hanseníase.

A morte ocorre num mês em que especialistas e autoridades públicas intensificam os alertas para controle, prevenção e tratamento adequado da hanseníase. Sempre celebrado no último domingo de janeiro, o “Janeiro Roxo” reforça o compromisso de controlar a doença, promover o diagnóstico e o tratamento corretos, além de difundir informações e desfazer preconceitos que tanto prejudicam o diagnóstico preventivo. Neste ano, o tema da campanha nacional escolhido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) é “Todos contra a Hanseníase”.

Em Mato Grosso, dados do Sinan mostram que, no ano de 2015, a taxa de detecção de novos casos da doença foi de 93,00/100.000 habitantes, totalizando 3.037 casos novos. Em 2016, foram detectados 2.658 novos casos, correspondendo a uma taxa de detecção de 80,4/100.000 habitantes. No período de 2009 a 2016, o Estado registrou 1.334 casos em crianças menores de 15 anos, o equivalente a 6% do total de casos registrados. Os dados de pesquisa sobre a doença, relativos ao ano de 2017 ainda não foram concluídos e serão apresentados em breve.

Conforme a Ses, estes dados reforçam a presença de focos de infecção e transmissão recentes da doença. Devido ao longo período de incubação, a hanseníase é menos frequente em menores de 15 anos de idade. Contudo, em áreas de maior prevalência e no caso de detecção da doença em focos domiciliares, a incidência nesta faixa etária é esperada.

Quanto à distribuição da doença, existem regiões hiperendêmicas que apresentam elevadas taxas de detecção. No ano de 2016 observou-se que a maior taxa de detecção da hanseníase ocorreu na região Médio Araguaia, com taxa de detecção de 379,9/100.000 habitantes, seguida das regiões Vale do Peixoto, Alto Tapajós, Teles Pires, Norte, Vale do Arinos, Garças Araguaia e Baixo Araguaia.

“Se por um lado, os dados de elevada taxa de detecção indicam que ocorrem iniciativas importantes no campo da atenção à saúde para a elucidação diagnóstica, por outro lado, as regiões com menor detecção, considerando a alta endemicidade da hanseníase e fluxo migratório do Estado, sugerem a existência de fragilidades na APS quanto a estratégias ativas de detecção de novos casos”, informou Rejane de Fátima Conde Finotti, técnica do Programa Estadual de Controle da Hanseníase da Secretaria de Estado de Saúde (Ses/MT).

Pela série histórica de Mato Grosso analisada, (2009-2016), a taxa de grau de incapacidade física tipo dois avaliada no momento do diagnóstico foi classificada como regular, de acordo com os dados apresentados. Esse quadro demonstra que o diagnóstico da doença no Estado ainda é tardio.

Conforme a Ses, outro aspecto importante a considerar dentre os casos novos, é que ocorrem situações nos quais o exame neurológico do paciente não é realizado no momento oportuno, ou seja, no momento do diagnóstico, o que impossibilita a prevenção de outros danos, como o desenvolvimento de úlceras em regiões hipo e/ou anestésicas decorrentes de agressões físicas que passam despercebidas pelo paciente e as limitações funcionais que poderiam ser evitadas com o adequado acompanhamento fisioterápico do portador de hanseníase.

Quanto ao percentual de cura, no período analisado (2009-2016), considerou-se como regular (=75 a 89,9%) em todos os anos da série histórica. A proporção de abandono foi menor do que 10%, percentual considerado adequado, e registrou-se uma queda de 5% no ano de 2016 (1,1%) em relação a 2015 (6,1%).

No Estado, a Ses informou ainda que deverá criar uma agenda única com os municípios para divulgar as ações que ocorrerão em todo o Estado, para o enfrentamento da hanseníase, bem como ações programáticas e estratégicas da Ses, em especial no Programa Saúde na Escola, Programa Bolsa Família, Programa Estadual Pró-Família, bem como no Telessaúde e a Escola de Saúde Pública.

A Ses reforça também que a porta de entrada para atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) é a rede básica de saúde municipal, por isso a importância de as prefeituras redobrarem a atenção para o momento do diagnóstico. (JD)

FONTE DIÁRIO DE CUIABÁ

FONTE: Dirio de Cuiab
EDIÇÃO: Ley Magalhes