O Hospital Regional Irmã Elza Giovanella abriu as portas para os estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). São 28 alunos que começaram esta semana o internato no hospital em Rondonópolis. O internato é uma das fases mais importantes para os estudantes de Medicina, pois é o momento em que os futuros profissionais começam a colocar em prática o que aprenderam nos últimos quatro anos em sala de aula.
A coordenadora do curso, Claudineia de Arruda, destaca que o Hospital Regional Irmã Elza Giovanella é referência no tratamento de traumas, e por isso os alunos devem aprender muito. “É um momento muito importante na vida de estudo deles. Depois de dois anos de internato eles vão fazer provas para a residência médica, momento decisivo em suas carreiras profissionais”.
A estudante de medicina Mayara Priori de Souza é de Rondonópolis e acredita que este é um momento muito importante para a carreira, já que pretende se tornar pediatra. “Durante estes dois anos pretendo aprender o máximo possível, acredito que é na prática que realmente vamos ter mais conhecimento e certeza do que queremos nos especializar”.
Paulo Piza também vai começar o internato no hospital e acredita que irá aprender lições valiosas. “Estamos falando de um centro de referência em trauma; nas outras unidades vamos ganhar sim experiência, mas é aqui que teremos um conhecimento maior de um todo. A equipe é acolhedora e muito profissional”, disse.
Hoje o Hospital Regional Irmã Elza Giovanella atende as especialidades de ortopedia, neurologia, nefrologia, clínica médica, cirurgia geral, urologia, radiologia, infectologia, otorrinolaringologia, buco-maxilo, cirurgias plásticas, cirurgia vascular e pediatria. Para o diretor geral, Luiz Antunes Hachem, o Hospital só tem a ganhar com o internato. “Essa parceria entre o hospital e a UFMT vem para beneficiar a assistência aos usuários, e também para que os estudantes adquiram experiência, todos só temos a ganhar”.
Os 28 alunos trabalharão em sistema de rodízio. “Eles vêm para contribuir ainda mais com o corpo clínico do hospital. A estrutura que temos hoje aqui é ótima para quem está começando, vamos formar bons profissionais aqui”, completou o coordenador de clínica cirúrgica no internato, Eduardo Narvaes.
FONTE SES MT
Número de médicos aumenta no país, mas persistem desigualdades de distribuição e problemas na assistência
Nunca houve um crescimento tão grande da população médica no Brasil num período tão curto de tempo. Em pouco menos de cinco décadas, o total de médicos aumentou 665,8%, ou 7,7 vezes. Por sua vez, a população brasileira aumentou 119,7%, ou 2,2 vezes. No entanto, esse salto não trouxe os benefícios que a sociedade espera.
Apesar de contar, em janeiro de 2018, com 452.801 médicos (razão de 2,18 médicos por mil habitantes), o Brasil ainda sofre com grande desigualdade na distribuição da população médica entre regiões, estados, capitais e municípios do interior.
Os dados constam da pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio institucional do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), e divulgado nesta terça-feira (20). O levantamento, coordenado pelo professor Mário Scheffer, usou ainda bases de dados da Associação Médica Brasileira (AMB), Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério da Educação (MEC)
O Sudeste é a região com maior razão de médicos por 1.000 habitantes (2,81) contra 1,16, no Norte, e 1,41, no Nordeste. Somente o estado de São Paulo concentra 21,7% da população e 28% do total de médicos do País. Por sua vez, o Distrito Federal tem a razão mais alta, com 4,35 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro, com 3,55.
Na outra ponta estão estados do Norte e Nordeste. O Maranhão mantém a menor razão entre as unidades federativas, com 0,87 médico por mil habitantes, seguido pelo Pará, com razão de 0,97. “Há uma desproporção gritante entre as unidades da federação e entre as regiões: 39 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 60% dos médicos, enquanto os 40% estão distribuídos no país para atender o restante da população”, pontuou o presidente do CFM, Carlos Vital, que diante do quadro apresentou propostas para uma melhor distribuição dos médicos. “Um ponto fulcral é a criação de uma carreira de Estado para o médico e demais profissionais de saúde, que dê segurança jurídica, permita a educação continuada, ofereça condições de trabalho e valorize o trabalho do profissional para que ele se fixe nas cidades do interior”, defendeu.
O aumento total registrado e a má distribuição dos profissionais pelo território nacional têm relação direta com o fenômeno da abertura de novas escolas e cursos de Medicina no Brasil. Considerando-se que a graduação em Medicina dura seis anos, sem praticamente haver evasão ou repetência entre os alunos, cada vaga oferecida em 2018 corresponderá a um novo médico, em 2024. “Os resultados do estudo sustentam o debate sobre o grande número de escolas em funcionamento no país, que podem comprometer a qualidade da formação médica. Após diversas manifestações públicas do Cremesp e de demais conselhos e organizações de especialidades médicas, contra a abertura indiscriminada de escolas médicas no Estado, o governo federal comprometeu-se em assinar uma moratória para proibir a abertura de novos cursos de Medicina no país durante cinco anos”, enfatiza o presidente do Cremesp, Lavínio Camarim. “Essa medida servirá para que os cursos em funcionamento, atualmente, passem por avaliações e adequações que se fizerem necessárias para a boa formação do estudante de Medicina”, conclui.
Naquele ano, estima-se que serão 28.792 profissionais egressos das escolas (três vezes o número de 2004, quando foram registrados 9.299 registros de novos médicos). Em duas décadas (com base nos números de 14 anos atrás), o crescimento previsto é de 200% no número de novos registros.
Para o presidente da AMB, Lincoln Lopes Ferreira, a Demografia Médica ajuda a sociedade a compreender melhor a distribuição dos médicos no país, já que o que se tinha até então eram dados e números dispersos, que não permitem uma visão do todo. “A atualização constante da Demografia Médica nos fornece insumos na busca de soluções para as questões da medicina, do médico e da saúde no Brasil, com base em análise de fatos e dados, e não puramente em ideologias”, afirma. Lincoln Ferreira enfatiza que a Demografia Médica 2018 consolida o entendimento de que não há falta de médicos no país, mas condições, estratégias e gestão para todas as regiões onde há necessidade. “Não precisamos de médicos importados, precisamos de carreira médica de Estado e de condições de trabalho nas mais diversas localidades”, enfatiza.
Contudo, na avaliação das entidades médicas, o grande número de profissionais, que deve aumentar exponencialmente nos próximos anos, enfrenta um grande problema: existem deficiências nas políticas públicas que geram maior concentração de médicos nas grandes cidades e no litoral, em especial nas áreas mais desenvolvidas, e nos serviços particulares em detrimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
A manutenção desse problema, na avaliação das lideranças médicas, decorre da ausência de políticas públicas que estimulem a migração e a fixação dos profissionais nas áreas mais distantes dos grandes centros, de modo particular no interior das Regiões Norte e Nordeste.
Dentre os problemas, está a precariedade dos vínculos de emprego, a falta de acesso a programas de educação continuada, a ausência de um plano de carreira (com previsão de mobilidade) e inexistência de condições de trabalho e de atendimento, com repercussão negativa sobre diagnósticos e tratamentos, deixando médicos e pacientes em situação vulnerável.
Nos textos a seguir, os números são detalhados, apresentando diferentes nuances dos números encontrados, como o aumento da participação das mulheres no total da população médica; a redução na idade média dos profissionais; e a distribuição deles entre as especialidades médicas reconhecidas. São números que ajudam a fazer o diagnóstico de uma situação que exige respostas urgentes do poder público.
FONTE CFM
CRM-MT suspende inscrição de médica suspeita de falsificar diploma
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) decidiu nesta semana, em sessão plenária, suspender de forma cautelar a inscrição da médica Yana Fois Coelho Alvarenga, presa desde 26 de dezembro de 2017. Pesa contra ela a acusação do Ministério Público Estadual (MPE-MT) de falsidade ideológica e uso de documentação falsa para atuar como médica na cidade de Colniza (1.065 Km a noroeste de Cuiabá).
De acordo com a presidente do CRM-MT, Drª Maria de Fátima de Carvalho Ferreira, com a suspensão, Yana Alvarenga está proibida de exercer a medicina até que se finalize o processo de investigação.
Inicialmente, o MPE apurou que Yana entregou um certificado falso de conclusão de residência médica na especialidade de pediatria no Hospital Municipal. No documento, ela dizia que tinha feito o curso na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mas a Coordenadoria Geral da Comissão de Residência Médica (Coreme), da USP São Paulo, nega a informação.
A suspensão de Yana Alvarenga foi aprovada na terça-feira (20.03) após a análise do resultado da sindicância instaurada pelo CRM-MT, em fevereiro. Uma das peças analisadas pelo Conselho foi uma comunicação do Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos, onde ela iniciou a graduação em medicina, informando que documentos utilizados num processo de transferência da faculdade foram adulterados de forma “grosseira”.
“YANA FOIS COELHO ALVARENGA ingressou no ITPAC através de aprovação em processo seletivo de transferência externa para o Curso de medicina no Semestre 2003/1. Estudou regularmente até o final do Semestre 2005/1, sendo que após este período evadiu-se do Curso de Medicina, não solicitando trancamento ou qualquer pedido de transferência para outra IES. Seu status perante o ITPAC é de acadêmica desistente. No período estudado no ITPAC (2003/01 a 2005/1), YANA obteve altos índices de reprovação, conforme Histórico em anexo. Informa-se que o ITPAC recebeu um Ofício da Universidade Iguaçu em 29/09/2006 (Ofício – Nra-SG nº 271/2006), por meio do qual este solicitou a veracidade das informações e documentos protocolados por YANA, já que a mesma havia solicitado transferência externa para a UNIG. Após realizarmos a análise dos documentos enviados pela UNIG, a Secretaria Acadêmica detectou que nenhum dos documentos acostados no referido ofício foram expedido pelo ITPAC na época. Mediante Ofício nº 012/20007 o ITPAC respondeu que os documentos enviados via “fax” foram adulterados de forma grosseira fugindo complemente do verídico”.
A presidente reforça, ainda, que a suspensão tem como finalidade a proteção da sociedade. “Se o cidadão está lidando com uma pessoa que não concluiu o curso de medicina, que não tem diploma de médico, deixá-la atuar é um risco à população”, enfatizou. No entanto, a Drª Maria de Fátima afirma que é dado à acusada o direito de ampla defesa.
Yana encontra-se presa na Penitenciária Ana Maria do Couto May, em Cuiabá. Mas, caso continue atuando durante o período de suspensão, a médica poderá ser denunciada por exercício irregular da medicina.
A médica possui inscrição secundária no CRM de Mato Grosso, sendo a primária no Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará. Ela também já obteve inscrições nos Conselhos dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
OUTRAS SUSPENSÕES
Somente neste ano, o Conselho Regional de Medicina já suspendeu de forma cautelar seis registros. Em dois casos, os médicos acusados recorreram das decisões do CRM-MT junto ao Poder Judiciário. No entanto, o Conselho obteve liminar que mantém a suspensão dos profissionais e reafirma a competência do órgão para julgar os casos.
Conforme trecho da decisão da Justiça “Ainda que não haja previsão na Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, que dispõe sobre os Conselhos de Medicina, para, em casos de manifesta gravidade, suspender cautelarmente o exercício da profissão, nada impede a aplicação subsidiária da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, como ocorreu no caso: Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado”.
FONTE CRMMT
Quatro em cada dez casos de câncer poderiam ser evitados, diz estudo britânico
De cada dez casos de câncer registrados no Reino Unido, quatro poderiam ser evitados se os britânicos fizessem mudanças em seus estilos de vida, como consumir menos álcool, abandonar o cigarro e perder peso, entre outras medidas. Novos dados divulgados pelo instituto Cancer Research UK mostram que mais de 2,5 mil casos da doença por semana são evitáveis, sendo o tabaco e a obesidade os principais fatores.
— O câncer de pulmão responde por mais da metade dos casos da doença relacionados com o fumo, mas são registrados anualmente milhares de casos de câncer de bexiga, esôfago e intestino apenas para nomear alguns — explicou Katrina Brown, líder do estudo, ao Guardian.
Contudo, os pesquisadores ligam o alerta para a obesidade. Enquanto o número de novos casos da doença relacionados com o tabaco diminui cerca de um ponto percentual ao ano — de 19,4% do total de casos em 2011 para 15,5% em 2015 —, por causa da redução no número de fumantes, o número de cânceres provocados pelo excesso de peso vem aumentando. Em 2011, eles representavam 5,5% dos casos em 2011, contra 6,3% neste último levantamento.
— Esses números mostram que a batalha para vencer os cânceres relacionados com o fumo está longe do fim, mas a queda no número de fumantes mostra que as estratégias de prevenção estão funcionando — destacou Linda Bauld, pesquisadora do instituto. — A obesidade é uma grande ameaça a saúde agora, e a situação só vai piorar se nada for feito.
Em 2015, o tabaco foi responsável por cerca de 54,2 mil novos casos de câncer no Reino Unido. Já a obesidade está relacionada com 22,8 mil novos casos da doença. Segundo o instituto, a obesidade provoca 13 tipos diferentes de câncer, incluindo no intestino, nos rins, no útero e nas mamas. A terceira maior causa evitável de câncer é a exposição à radiação ultravioleta do Sol e câmaras de bronzeamento, que provocam cerca de 13,6 mil casos de câncer de pele por ano, 3,8% do total.
Outras causas evitáveis são o consumo de álcool e o consumo insuficiente de fibra, responsáveis por 11,9 mil e 11,7 mil casos de câncer, respectivamente, e a poluição do ar, culpada por 3,6 mil cânceres de pulmão por ano.
— Levar uma vida saudável não garante que uma pessoa não tenha câncer, mas aumenta as chances a seu favor. Estes números mostram que cada um de nós pode tomar medidas positivas para ajudar nosso risco individual para a doença — comentou Harpal Kumar, diretor executivo do instituto Cancer Research UK. — Esta pesquisa demonstra claramente o impacto do fumo e da obesidade no risco de câncer. Prevenção é a forma mais eficiente de combater o câncer.
FONTE O GLOBO
Distribuição gratuita e venda subsidiada de remédio pode se tornar lei
Quase 25% da população brasileira consome medicamentos da Farmácia Popular. Milhões de brasileiros são atendidos pelo programa, criado para cumprir uma das principais diretrizes da Política Nacional de Assistência Farmacêutica: dar acesso à população, que, utilizando ou não o Sistema Único de Saúde (SUS), teria direito a medicamentos considerados essenciais. O objetivo é diminuir o impacto causado pelos gastos com medicamentos no orçamento familiar.
O programa teve início em 2004, com farmácias públicas de distribuição de medicamentos distribuídos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esse modelo chegou a ter mais de 500 unidades. No início, o programa desenvolvia parceria com as prefeituras municipais que recebiam uma verba do Ministério da Saúde para montar a estrutura física da farmácia e contratar funcionários.
A partir de 2006, o Programa se expandiu para o setor privado, com o nome de Aqui Tem Farmácia Popular, por meio de parcerias com os estabelecimentos, sem a participação da Fiocruz. As farmácias particulares distribuíam de forma subsidiada ou gratuita o medicamento para oito doenças crônicas. No ano de 2011, passaram a ser contemplados também produtos gratuitos para diabetes e hipertensão.
No ano passado, o governo anunciou que deixaria de repassar verbas para a modalidade das farmácias públicas, o que foi um sinal da instabilidade a que está sujeita a política para esse setor, atualmente regido por decreto presidencial. Esse tipo de norma pode ser substituída pela decisão unilateral do ocupante do cargo. Para garantir a continuidade da distribuição de medicamentos, tanto por meio de convênios entre órgãos do setor público, quanto pela rede privada de farmácias, tramita no Senado o projeto PLS 661/2015, do senador Raimundo Lira (PMDB-PB).
— Interromper o tratamento pode ser mais oneroso para o Estado, pois essas pessoas que poderiam manter a saúde estável teriam que comparecer mais aos hospitais, gerando mais filas e custos — explica o autor.
A interrupção do repasse de verbas para a modalidade das farmácias públicas foi tomada após o governo constatar que os gastos com a compra de medicamentos representavam apenas 20% do orçamento das farmácias próprias (públicas). O restante, 80% do orçamento, era gasto na manutenção desses estabelecimentos.
— O reajuste dos valores permitiu que fossem reaplicados R$ 80 milhões em medicamentos, ao invés dos R$ 20 milhões antes investidos. Os pacientes continuam recebendo medicamentos pela atenção básica dos municípios e no Aqui Tem Farmácia Popular, disse Cleonice Lisbete Gama, coordenadora do programa no Ministério da Saúde.
Indagado sobre as divergências em relação aos custos do programa, o senador disse que as regras da aquisição dos medicamentos poderão ser alteradas pelo governo para reduzir custos de manutenção, mas o programa não.
— Quando apresentei esse projeto, o Brasil estava no auge de uma crise, e não podemos permitir que incertezas econômicas e políticas coloquem o Programa Farmácia Popular em risco, que atualmente é instituído e regulado por meio de decretos e portarias, que podem ser modificados ou revogados pelo Poder Executivo a qualquer tempo, mesmo sem a anuência do Congresso Nacional — observou o senador.
Por meio do Aqui tem Farmácia Popular, a população pode adquirir 14 medicamentos para hipertensão, diabetes e asma, sem custo. Além disso, são ofertados descontos de até 90% em dez medicamentos para rinite, dislipidemia, mal de Parkinson, osteoporose e glaucoma. Nos contraceptivos e fraldas geriátricas também há descontos de até 90%.
Em média, 10 milhões de pacientes retiram por mês medicamentos na rede Aqui Tem Farmácia Popular, que hoje conta com mais de 35 mil unidades credenciadas e está presente em aproximadamente 80% dos municípios.
— Posso afirmar que o Farmácia Popular é um programa consolidado. A prova disso é o incremento de 10% no orçamento do programa em uma época de crise como a que estamos vivendo — observou Cleonice.
No programa são atendidos, principalmente, brasileiros com 60 anos ou mais, que representam quatro milhões do total. A maior parte dos pacientes acessa medicamentos de forma gratuita. Os medicamentos mais retirados são para tratamento de hipertensão e diabetes.
O aposentado Jose Eliziário Araújo de Sousa é um dos beneficiados do programa. Ele e a esposa Conceição Sousa utilizam o programa para as doenças de Parkinson e diabetes.
— Se não tivéssemos o Farmácia Popular, não teríamos como dar continuidade aos nossos tratamentos. Comprar os medicamentos mensalmente afetaria nossa renda familiar — relata o aposentado.
Impasses
Ao custo de quase R$ 3 bilhões, o programa Aqui Tem Farmácia Popular tornou-se a maior política de assistência farmacêutica do governo federal, superando, inclusive, a soma dos investimentos nas farmácias básicas do SUS.
Na opinião do professor Augusto Guerra, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), oferecer recursos para medicamentos na rede pública e privada torna a distribuição ineficiente. Num futuro próximo poderia inclusive gerar escassez.
— Precisamos escolher qual o melhor modelo de financiamento, se por rede pública ou privada. Precisamos fazer escolhas racionais, fazendo avaliações com base na nossa disponibilidade recursos — pondera o professor.
Para o representante do Conselho Federal de Farmácia, Francisco Batista Junior, o SUS já prevê a distribuição gratuita de medicamentos, sendo necessário avaliar o programa na rede privada. Na opinião dele, compras feitas em larga escala asseguram preços mais baixos e permitem a transparência da licitação, além do fortalecimento do sistema público, onde a assistência tem de ser enfatizada. Para Batista, os argumentos no sentido de que o programa Aqui Tem Farmácia Popular representa economia de gastos com logística e distribuição de medicamentos não convencem.
— O programa cumpre seu papel de garantir à população acesso aos medicamentos, mas é efetuado de forma dispendiosa. O que devemos nos perguntar é se o programa está sendo executado da forma mais adequada.
FONTE AGENCIA SENADO
527 profissionais respondem na Justiça
Dados do Conselho Regional de Medicina apontam que 176 processos ético-profissionais estão abertos no Conselho. Dentre as denúncias, estão erro médico ou falta de ética.
Somente em 2017, foram julgados 76 médicos, resultando em 23 condenações e 53 absolvições. O Tribunal de Justiça confirma que hoje existem 527 processos por erro médico.
Somente no ano passado, foram distribuídos na Justiça 195 novos processos. Neste ano, já são 33. De acordo com CRM, em relação à sindicância, que é a fase de análise das ocorrências, onde são colhidos provas e depoimentos das partes envolvidas, ao todo, 251 sindicâncias estão tramitando no conselho. Em 2018, já foram julgadas 30 sindicâncias, sendo que 22 foram arquivadas e oito se tornaram Processo Ético-Profissional.
As denúncias são sempre feitas nas subseções onde o fato aconteceu. O relato pode ser feito pessoalmente ou através de órgãos, como o Ministério Público Estadual (MPE). No primeiro caso, a própria vítima apresenta provas contra o profissional.
O primeiro passo é a abertura de uma sindicância para a coleta de provas e oitivas, quando as testemunhas prestam depoimento. Um conselheiro fica responsável por analisar os documentos e emitir um parecer sobre o caso. A partir daí, a denúncia pode tramitar por meio de uma câmara ética ou em um processo.
Um dos casos que vem sendo investigado ocorreu em Tapurah (433 quilômetros de Cuiabá). O médico cirurgião Júlio Cesar da Silva é acusado por mais de 10 pacientes por erros graves em cirurgias. Além disso, o médico, apelidado por muitos de “açougueiro”, é suspeito de realizar cirurgia sem autorização dos pacientes, sem exames e, até mesmo, sem consentimento da família.
A reportagem tentou contato na clínica onde o profissional atende, mas não obteve resposta. A Secretaria Municipal de Tapurah comunicou, por meio de nota, que foi aberta uma sindicância para apurar o caso. O relatório deve ser encaminhado ao CRM. O contrato com o profissional foi rompido.
MÉDICOS SUSPENSOS - Somente neste ano, o Conselho Regional de Medicina já suspendeu de forma cautelar seis registros. Em dois casos, os médicos acusados recorreram das decisões do CRM-MT junto ao Poder Judiciário. No entanto, o Conselho obteve liminar que mantém a suspensão dos profissionais e reafirma a competência do órgão para julgar os casos.
A Justiça estabelece que, ainda que não haja previsão na Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, que dispõe sobre os Conselhos de Medicina, para, em casos de manifesta gravidade, suspender cautelarmente o exercício da profissão, nada impede a aplicação subsidiária da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, como ocorreu no caso: Art. 45.
Em caso de risco iminente, a Administração Pública poderá, motivadamente, adotar providências acauteladoras, sem a prévia manifestação do interessado.
Uma das que tiveram o registro suspenso de forma cautelar foi a médica Yana Fois Coelho Alvarenga, presa desde 26 de dezembro de 2017, por envolvimento no assassinato do então prefeito de Colniza (1.065 km a Noroeste de Cuiabá), Esvandir Antonio Mendes.
Pesa contra ela a acusação do Ministério Público Estadual (MPE-MT) de falsidade ideológica e uso de documentação falsa para atuar como médica na cidade de Colniza (1.065 Km a noroeste de Cuiabá). Com a suspensão, Yana Alvarenga está proibida de exercer a medicina até que se finalize o processo de investigação.
FONTE DIÁRIO DE CUIABÁ