Homenagem aos esquecidos
06/03/2023 - 10:56
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Muitos contribuíram na formação da nossa gente e do desenvolvimento da nossa cidade.
 
Uma categoria profissional que bem antigamente prestou serviços relevantes, e com a modernidade caiu no vale dos esquecidos foram os primeiros taxistas de Cuiabá. 
 
O local da parada dos seus carros, também chamado de “Ponto de Taxi”, ficava na Praça da República entre o bar do Bugre e a Catedral Metropolitana.
 
Eles utilizavam o telefone de parede e manivela que se comunicava com a Central Telefônica para contatos com seus fregueses. 
Recebiam também chamados para serviços, pois Cuiabá não possuía nenhum telefone público.
 
Serviam-se do sanitário do bar do meu pai.
 
Todos eram nossos amigos, conheciam todas as fofocas da velha capital e davam plantões noturnos, e tiravam uma soneca dentro do carro - com todo esse calorão.
 
A maioria andava a pé, alguns possuíam automóveis, que não tinham ar refrigerado e poucas ruas de Cuiabá eram calçadas.
 
Não havia taxímetros nos carros e os fregueses combinavam o preço das corridas.
 
Para o meu pai o preço era mais camarada e o lugar mais acessado era o “campo de aviação”, lugar de decolagem dos antigos aviões DC3 da Cruzeiro do Sul, Panair do Brasil, Real Aerovias.
 
Ficava onde hoje é a Vila Militar dos oficiais do 9º BEC, próximo ao Shopping Estação.
 
Outras corridas solicitadas eram para o bairro do Porto, Santa-Casa da Misericórdia e Coxipó da Ponte, segundo distrito de Cuiabá.
 
Os médicos mais antigos (Alberto Novis, Athayde de Lima Bastos, Caio Correa, Silvio Curvo) iam à Santa Casa e visitavam seus clientes montados a cavalo.
 
Os das gerações mais novas, Clóvis Pitaluga de Moura, José Monteiro de Figueiredo, Virgílio Alves Correa, Luís Alves Corrêa, e outros usavam para seus deslocamentos as motocicletas.
 
Os primeiros médicos que lembro dirigindo seu próprio veículo, foram o Dr. Antônio Epaminondas e Agrícola Paes de Barros.
 
Com a industrialização do Brasil no governo JK (1955-1960), os médicos recém-chegados à Cuiabá compravam um fusquinha para seus deslocamentos mais distantes, principalmente à noite.
 
Gostaria de lembrar de alguns taxistas dos anos quarenta e início de cinquenta, quando fui estudar fora.
 
Leandro, Paizome, Pedro Zeferino, Xoné, Vevé, Santana, Luizão, Vaca Preta, Molina, Irineu, Geru.
 
Foi o 1º Ponto de Taxi de Cuiabá dos 72 atuais, com número reduzido de taxistas, e a tendência é o seu desaparecimento, com a implantação do sistema de transporte Uber.
 

(*) GABRIEL NOVIS NEVES é médico e ex-reitor da UFMT. 

FONTE: https://bar-do-bugre.blogspot.com/
EDIÇÃO: REPRODUÇÃO