CFM debate evidências científicas da Homeopatia
26/11/2025 - 08:47
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O Conselho Federal de Medicina (CFM) realizou, nesta terça-feira (25), o I Webinar de Homeopatia do CFM, encontro dedicado a discutir, de forma livre, independente e fundamentada, as pesquisas existentes em homeopatia no Brasil e no mundo. O evento reuniu especialistas, conselheiros federais e membros da Câmara Técnica de Homeopatia para analisar criticamente a produção científica disponível, seus limites e desafios para o ensino e a pesquisa nesta área do conhecimento médico. O debate foi ampliado ao público em geral por meio de transmissão ao vivo pelas plataformas ZOOM e YouTube.
 
Assista a íntegra aqui! 
https://www.youtube.com/live/EGBsTRomnXk?si=7w5r-n7mijRSwmmO
 
A abertura foi conduzida pelo presidente em exercício do CFM, conselheiro federal Emmanuel Fortes, e pelo organizador do evento, conselheiro federal Francisco Eduardo Cardoso Alves – o representante do estado de São Paulo é coordenador da Câmara Técnica de Homeopatia e vice-corregedor do CFM. Também participaram presencialmente os conselheiros federais Carlos Magno Dalapicola e Nailton Jorge Ferreira Lyra.
 
Em sua fala, Emmanuel Fortes destacou a importância da homeopatia no conjunto das especialidades médicas reconhecidas pelo CFM, enfatizando seu caráter humanista. Segundo ele, a prática traz de volta elementos da relação médico-paciente que se perderam com o tempo, como a escuta qualificada, a atenção e o cuidado individualizado. O conselheiro ressaltou, ainda, que a autarquia acompanha o debate internacional sobre práticas e técnicas em saúde e defende a presença da homeopatia entre as especialidades médicas, especialmente diante das críticas que a área vem sofrendo.
 
Francisco Cardoso lembrou que este é o primeiro de uma série de encontros sobre o tema no âmbito do CFM. Ele ressaltou que o objetivo do webinar é discutir a homeopatia com seriedade, ética e base científica, contribuindo para desfazer preconceitos e desinformações. “Queremos mostrar à comunidade médica e à sociedade que há um corpo significativo de estudos e evidências a respeito da prática homeopática”, afirmou.
 
Panorama da Homeopatia – A programação científica teve início com a mesa-redonda “Estudos experimentais em homeopatia (quantitativos)”, presidida pelo conselheiro regional e presidente do Conselho Regional de Medicina de Sergipe, Jilvan Pinto Monteiro, também membro da Câmara Técnica de Homeopatia. Coube ao professor Marcus Zulian apresentar o tema “Panorama das pesquisas e evidências experimentais em homeopatia: estudos científicos in vitro, laboratoriais e clínicos”.
 
Em sua exposição, Marcus Zulian resgatou a trajetória histórica da homeopatia e detalhou o acúmulo de pesquisas construído ao longo das últimas décadas. Ele destacou o dossiê “Evidências Científicas em Homeopatia”, produzido pela Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, e o e-book “Homeopatia não é efeito placebo. Comprovação das evidências científicas em homeopatia”, que reúnem centenas de estudos básicos e clínicos. O palestrante chamou atenção para experimentos realizados em células, plantas e animais, bem como para ensaios clínicos randomizados e revisões sistemáticas que apontam efeitos específicos das preparações homeopáticas, para além do placebo.
 
Zulian também abordou a fundamentação farmacológica do princípio da similitude terapêutica, dialogando com o conceito de “efeito rebote” descrito na farmacologia moderna. Segundo ele, há um conjunto crescente de dados que permite correlacionar os pressupostos clássicos da homeopatia com mecanismos estudados pela medicina convencional, ampliando o campo de investigação científica sobre o tema.
 
Na sequência, o professor Flávio Dantas apresentou a aula “Homeopatia como terapêutica médica: o que nos informam as revisões sistemáticas e as metanálises”. Ele discutiu criticamente o modo como a literatura científica sobre homeopatia é produzida, selecionada e divulgada, apontando vieses de publicação – como a maior visibilidade de estudos com resultados negativos – e questionando o uso seletivo de critérios de evidência. Flávio organizou sua exposição em torno de questões centrais, como: o medicamento produz efeitos biopsicológicos? É seguro? É eficaz? A partir dessas perguntas, analisou estudos com diferentes níveis de evidência e destacou o bom perfil de segurança dos medicamentos homeopáticos.
 
O palestrante também defendeu uma visão mais ampla de “medicina baseada em evidências”, que considere não apenas a validade interna dos estudos, mas também sua aplicabilidade na prática clínica, os valores e preferências dos pacientes e o julgamento profissional do médico. Para ele, exigir exclusivamente o mais alto nível de evidência para validar certos tratamentos, enquanto se flexibiliza esse critério para outros, cria distorções no debate científico.
 
Ao final da mesa, membros da Câmara Técnica de Homeopatia ressaltaram que, diante do volume de pesquisas já existentes, o desafio atual é avançar na aplicação clínica, na formação médica e na comunicação com a sociedade. Houve consenso de que a persistência da homeopatia ao longo de mais de 200 anos, em diversos países, indica que a prática oferece respostas percebidas como efetivas por muitos pacientes, o que reforça a necessidade de análise séria e desapaixonada dos dados disponíveis. A programação seguiu durante a tarde. 
 

O I Webinar de Homeopatia do CFM foi transmitido ao vivo pelo canal do CFM no YouTube e ficará disponível para acesso posterior. A iniciativa integra uma agenda mais ampla da autarquia de diálogo com as especialidades médicas e aprofundamento das discussões sobre evidências científicas, ensino e atuação ética na medicina. 

FONTE: https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-debate-evidencias-cientificas-da-homeopatia
EDIÇÃO: REPRODUÇÃO