DesperdÃcios e fraudes em planos de saúde correspondem a gastos da ordem de R$ 40 bilhões, referentes a 30% das despesas das operadoras. Entre os culpados apontados pelo setor por essas péssimas práticas, estão alguns profissionais com conflitos de interesse. O tema da fraude na saúde suplementar ganhou repercussão em 2015, com denúncia da imprensa sobre esquemas em que médicos e advogados ganhavam dinheiro em cima de indicações de cirurgias desnecessárias e implantação de órteses, próteses e materiais especiais (OPME) no Rio Grande do Sul. O assunto ainda é atual e foi discutido no 2º Fórum de Saúde Suplementar, ontem. O consumidor sofre o impacto no fim, pois tem que tirar dinheiro do próprio bolso para ter acesso a uma saúde de qualidade.
No Rio Grande do Sul, alguns pacientes, orientados por médicos e advogados, entravam na Justiça para obter o direito de fazer cirurgias para implante de próteses. As cirurgias eram superfaturadas. O caso foi chamado de a máfia das próteses. Porém, o desperdÃcio e a fraude nem sempre chegam a casos extremos como esses. Alguns dos casos mais comuns são indicações desnecessárias de cirurgias de coluna e buco-maxilar , segundo o presidente do Grupo NotreDame Intermédica, representante de operadoras de saúde, Irlau Machado Filho.
O médico incentiva, afirma que a cirurgia é de urgência. Falta fiscalização , afirma.
A indicação desnecessária de cirurgias prejudica também a saúde do usuário. Em cirurgias de implantes nas colunas necessárias, a recuperação é mais rápida, menos dolorosa e o paciente retorna à vida normal e à atividade profissional rapidamente. Por outro lado, se é desnecessário, ele está mais suscetÃvel a infecções, por exemplo , comenta o chefe de Serviço de ClÃnica e Cirurgia da Coluna Vertebral do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, Edmond Barras. 60% das cirurgias de implantes na coluna são desnecessárias , comenta.
O desperdÃcio também está nos preços de materiais. Edmond afirma que um parafuso pedicular, usado em implantes nas costas, tem custo de fábrica de US$ 100. No Brasil, o valor chega a US$ 2 mil.
Para os representantes do setor de saúde suplementar, o empoderamento do consumidor é a saÃda para evitar problemas como esses. Questionar e sempre buscar uma 2ª opinião de especialistas, principalmente em casos de indicação de cirurgias, traz mais segurança. Um impacto positivo de trazer a tona esses casos de fraude é que o consumidor está mais atento. O médico é o problema e a solução, por isso precisamos de uniformização da nomenclatura, registro nacional de implantes, aplicação de preços internacionais e mais fiscalização , comenta Edmond.
Na NotreDame Intermédica, Irlau faz consultorias com hospitais e grupos parceiros para avaliar necessidades de cirurgias. Já Edmond cita o projeto da comissão da 2ª opinião do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Os gastos foram reduzidos em R$ 100 milhões porque foi identificado que metade dos pacientes não precisava de cirurgia.
FONTE JORNAL DO COMMERCIO DE PERNAMBUCO