O SUS (Sistema Único de Saúde) passará a oferecer uma cirurgia bariátrica menos invasiva, realizada por videolaparoscopia. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta (1º).
Em 2016, foram feitas no Brasil cerca de cem mil cirurgias bariátricas, 10% delas na rede pública, onde o tempo de espera, em alguns casos, pode chegar a dez anos. O paÃs é o segundo do mundo que mais realiza esse tipo de cirurgia, só perdendo para os EUA.
Na videolaparoscopia, são feitos de quatro a sete pequenos cortes (de 0,5 a 1,2 cm cada um) no abdômen do paciente, por onde passam as cânulas e a câmera de vÃdeo, segundo a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica).
Já na cirurgia aberta, o médico faz um corte de 15 a 30 cm. Há também grande impacto no tempo de internação. Na aberta, são necessários de três a quatro dias. No procedimento laparoscópico, são apenas dois dias internado no hospital.
A recomendação da inclusão do procedimento tinha sido feita pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) em relatório de novembro de 2016.
"A evidência atualmente disponÃvel sobre eficácia e segurança do procedimento de gastroplastia com derivação intestinal em Y-de-Roux por laparoscopia para tratamento da obesidade grave e mórbida é baseada em revisões sistemáticas, estudos clÃnicos controlados e estudos observacionais", diz o relatório.
Segundo Caetano Marchesini, presidente da SBCBM, essa era uma reivindicação antiga da sociedade. "Com a videolaparoscopia podemos ampliar os atendimentos no SUS, pois tanto a cirurgia quanto a recuperação do paciente demandam um tempo menor", diz.
CURA VIA BISTURI?
Conheça dois tipos de cirurgia usadas como tratamento para diabetes
Cirurgia bypass gástrico
· Grampeamento de parte do estômago e desvio do intestino, que promove aumento de hormônios da saciedade e melhoram o diabetes
· Em estudos comparativos sua eficácia como cirurgia metabólica, para controlar diabetes, fica abaixo da cirurgia que envolve a transposição ileal
· É a técnica mais utilizada e atualmente considerada como a primeira escolha
Cirurgia gastrectomia vertical com transposição ileal no duodeno
· Desenvolvida para tratar diabetes porque envolve a recolocação do Ãleo (fim do intestino delgado) entre o duodeno e o jejuno. Em contato com o alimento, o Ãleo começa a produzir GLP1 (que estimula a produção de insulina)
· Ainda considerada experimental no Brasil
· Uma decisão da Justiça, no entanto, suspende a resolução do CFM e libera a realização da técnica
No SUS, a cirurgia bariátrica é indicada para pessoas que apresentem Ãndice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 50; que tenham IMC maior ou igual a 40, com ou sem doenças associadas, sem sucesso no tratamento clÃnico por no mÃnimo dois anos; que tenham IMC maior que 35 e com problemas de saúde como alto risco cardiovascular, diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial sistêmica de difÃcil controle, apneia do sono ou doenças articulares degenerativas sem sucesso no tratamento clÃnico.
Recentemente, a cirurgia bariátrica voltou a ganhar destaque após o ex-jogador de futebol e senador Romário (PSB-RJ) se submeter ao procedimento na tentativa de curar o diabetes.
No caso, foi realizada a modalidade conhecida como gastrectomia vertical com interposição ileal, que, segundo estudos, é eficaz no tratamento de diabetes. O Conselho Federal de Medicina, no entanto classifica a técnica como experimental.