Em Cuiabá 71 mil pacientes aguardam na fila de espera desde 2013 por algum atendimento de saúde. Os dados são da Central de Regulação e apontam que desse total (de 71 mil pacientes), 46 mil esperam por consultas e, 6.300 por cirurgias cardÃacas, neurológicas ou ortopédicas.
Mariângela Pereira diz que o pai é uma dessas pessoas. Segundo ela, a demora no atendimento seja para consulta, seja para exame é uma “via-crúcis” para quem, na maioria das vezes, corre até mesmo risco de morte. “Depender da saúde pública é estar à mercê de tudo. Meu pai está há cincos meses esperando para fazer uma cirurgia de coração e até agora nada. Fora que já tem dois anos que a gente vem nesta espera por consulta, por exame, é um desrespeito”, disse.
Luciana Alves afirma que a mãe morreu em 2013 a espera de uma cirurgia também cardÃaca. A paciente segundo a filha tinha duas veias do coração entupidas. “A minha mãe morreu e nada vai trazer ela de volta. Quantos outros não morreram pela falta de sensibilidade dos nossos gestores e quantos outros ainda precisarão morrer para que a nossa saúde pública seja decente”, afirmou.
A secretária adjunta de Planejamento e Operação, Maria Salete Ribeiro diz que os números podem ser menores. Segundo ela muitos desses 71 mil pacientes já foram atendidos, alguns procuraram por serviços em unidades privadas, entre outros. “Precisamos saber quem são essas pessoas, quantas ainda precisam de algum tipo de atendimento e também atualizar informações relacionadas ao endereço e telefone desses pacientes”, explicou a secretária adjunta levantando como uma das causas dessa situação a comunicação é frágil e um alto Ãndice de absenteÃsmo, em torno de 50%.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, desde o final do mês de janeiro um mutirão vem sendo realizado pela Central de Regularização. O objetivo é identificar todos os pacientes que ainda aguardam por atendimento, seja de consultas, exames ou cirurgias, nas diferentes áreas especializadas. Para minimizar esse problema a SMS de Cuiabá está organizando um mutirão para a atualização cadastral dos usuários do SUS, previsto para acontecer no inÃcio do mês de março.
Na edição do último dia 16, o Diário trouxe o caso de uma unidade que poderia estar amenizando a fila de espera da cirurgia cardÃaca, mas que não está prestando tal procedimento. Inaugurado em julho de 2015, o Hospital São Benedito deveria fazer cirurgias cardÃacas. O inÃcio do procedimento foi anunciado diversas vezes, mas não ocorreu. A assessoria do hospital informou que os procedimentos não se iniciaram devido à impossibilidade financeira e orçamentária, já que há ausência de recursos especialmente para o setor.
Ações imediatas - O pronto-socorro recebe um número de pacientes equilavente a duas unidades, hospitalar e pronto socorro. Com isso, o local costuma estar sempre lotado, principalmente com pacientes nos corredores. Na última quarta-feira, a unidade tinha internados 270 pacientes, mais 90 nos corredores. A sala vermelha que deveria atender no máximo 10 atende, em média, 40 pacientes por dia. Para reverter esta realidade, a prefeitura vem negociando com hospitais contratualizados. Já nos próximos dias estarão disponÃveis mais 15 leitos de retaguarda no Hospital Militar que serão utilizados para encaminhamento de pacientes de complexidade intermediária.
Já em relação para diminuir o número de pacientes a espera de procedimentos, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou que está sendo intensificada a realização de cirurgias ortopédicas no Hospital Municipal São Benedito. A cada semana, 24 pacientes serão operados até que a fila que hoje gira em torno de 100 pessoas, seja zerada.