Cuiabá é a sexta capital do paÃs e a segunda do Centro-Oeste com maior número de obesos. Na capital mato-grossense a incidência é de 56,4% para cada 100 mil habitantes, conforme Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgada ontem pelo Ministério da Saúde (MS). O percentual é resultado de um estudo realizado, entre fevereiro e dezembro de 2016, com 53.210 pessoas maiores de 18 anos.
No paÃs, a pesquisa mostra que em 10 anos, a prevalência da obesidade passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros. No cenário nacional, Rio Branco (AC) é a capital com maior prevalência de excesso de peso, sendo 60,6 casos para cada 100 mil habitantes. Já Palmas (TO) é a que apresenta menor prevalência, com 47,7%.
Ainda, no Centro-Oeste, Goiânia é que apresenta menor incidência: 48,5%. Em Campo Grande (MS), é de 58% De acordo com a pesquisa, o problema é mais comum entre os homens, cuja incidência saltou de 47,5% para 57,7% no mesmo perÃodo. Já entre as mulheres, o Ãndice passou 38,5% para 50,5%.
"No geral, a obesidade tem aumentado no mundo, principalmente, devido a fatores que têm levado a vida a ficar mais sedentária do que era antes. Hoje, a tecnologia e as facilidades que temos diminuÃram bastante a atividade fÃsica. Hoje, as pessoas fazem bem menos exercÃcios do que faziam há 10, 20 ou 30 anos. Hoje, a gente não levanta mais nem para trocar o canal da televisão ou para atender ao telefone e aumentou e muito o número de pessoas que utilizam o automóvel", apontou a médica da FamÃlia e Comunidade, pediatra Eliana Siqueira.
Siqueira reforça que cada vez mais as pessoas vêm restringido sua vida de casa para trabalho e, com isso, não consegue "gastar" todas as calorias que consomem. "Em relação à Cuiabá uma das coisas muito importante é o calor. “Na minha unidade de saúde (por exemplo), a gente fazia exercÃcio fÃsico das 7 horas às 7h30, mas está cada vez mais quente esse horário”. Hoje, somente à noite, é que a gente tem conseguido um tempo melhor para poder fazer exercÃcio fÃsico", comentou. "Agora, com os parques deu melhorada, mas ainda temos poucos espaços para fazer atividades e, inclusive, não temos ciclovias para as pessoas possam se deslocar de bicicleta, além da questão da segurança que também faz com que a pessoa se limite cada vez mais e deixe de fazer atividade fÃsica", completou.
DIABETE E HIPERTENSÃO - Conforme a pesquisa, o crescimento da obesidade é um dos fatores que pode ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissÃveis que piora a condição de vida do brasileiro e podem até matar. O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016. Em Cuiabá, o diagnóstico de diabetes é de 7,9% e, de hipertensão, de 24,9%. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres.
O Ministério da Saúde garante que tem priorizado o combate à obesidade com uma série de polÃticas públicas, como Guia Alimentar para População Brasileira. A proposta é aliar alimentação saudável à prática de atividade fÃsica nos ajudará a reduzir a incidência de doenças como diabetes e hipertensão na população.
"O preço dos legumes e verduras faz com que muitas pessoas não tenham acesso a esses produtos que são importantes na nossa alimentação. Outra coisa é que houve uma diminuição das árvores nos quintais. A gente tinha muita mangueira, pés de laranja, de pitomba e hoje em dia não tem mais quase nada dessas frutas", destacou Eliana Siqueira.
O Vigitel, realizado pelo Ministério da Saúde desde 2006, auxilia para conhecer a situação de saúde da população e é utilizado como base para planejar ações e programas que reduzam a ocorrência de doenças crônicas não transmissÃveis, melhorando a saúde do brasileiro.
Os dados apontam uma diminuição da ingestão de ingredientes considerados básicos e tradicionais na mesa do brasileiro. O consumo regular de feijão diminuiu 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016. E apenas 1 entre 3 adultos consomem frutas e hortaliças em cinco dias da semana.
Segundo o MS, esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a desnutrição e agora está entre os paÃses que apresentam altas prevalências de obesidade. Entre as mudanças positivas nos hábitos identificados na pesquisa está a redução do consumo regular de refrigerante ou suco artificial. Em 2007, o indicador era de 30,9% e, em 2016 foi 16,5%.