Após problemas de inadimplência com Estados e municípios, empresas que fazem a logística de medicamentos para a rede pública de saúde têm migrado para outros mercados.
"Chegamos a manter operações por seis meses sem pagamento, até rescindir o contrato", afirma Roberto Vilela, presidente da RV Ímola, que atua ou já atuou em governos em São Paulo, Minas, Amazonas e Mato Grosso.
Atualmente, a companhia tem cerca de R$ 20 milhões em dívidas, segundo ele.
No Rio de Janeiro, foram dez meses de inadimplência, afirma Mayuli Fonseca, diretora da Unihealth, que até o ano passado tinha contrato com o Estado.
"Estamos em processo de reconhecimento da dívida. O pagamento deverá vir por precatórios, mas não há um prazo", diz a executiva. A companhia, que atuou na região por cinco anos, decidiu não participar de novo edital.
Procurada, a secretaria de Saúde do Rio não respondeu.
Algumas empresas fecharam ou abandonaram o segmento, segundo Fonseca —em geral, aquelas com menos fluxo de caixa para suportar atrasos de pagamento ou cujo negócio principal não era logística em saúde.
Mesmo as que decidiram se manter no setor têm buscado diversificar a carteira.
A RV Ímola pretende ampliar a participação dos clientes privados na receita: dos atuais 40% para 60% em um curto prazo, afirma Vilela.
Em 2016, a Unihealth decidiu expandir sua atuação fora do país, com unidades na Colômbia, no Equador e, este ano, no México. Os clientes públicos, porém, ainda representam 65% do negócio.