Vírus em macaco serve de alerta, diz especialista
01/05/2017 - 19:09
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Técnicos do Escritório Regional de Saúde em Rondonópolis se reuniram com a Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do município para discutir ações em conjunto a partir da confirmação que um macaco encontrado morto há cerca de 40 dias na zona rural de São José do Povo (a 268 km de Cuiabá) estava contaminado com o vírus da febre amarela, conforme apontaram exames laboratoriais. O principal objetivo da reunião foi o de prestar mais informações e tranquilizar a população, já que Mato Grosso, diferentemente de outras regiões do país, não vem apresentando surtos da doença.

Para a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde, Flávia Guimarães, o diagnóstico feito em um macaco e que confirmou o vírus da febre amarela, serve, entretanto, de alerta, pois indica a circulação do vírus. E este fato reforça a necessidade de um trabalho conjunto entre a vigilância do estado com a dos municípios, trabalhando no monitoramento, bloqueios e cobertura vacinal.

A coordenadora de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde, Ludmila Sophia, explicou que na ocorrência da morte de macacos é obrigatória a notificação de epizootia. No caso do macaco diagnosticado com o vírus da febre amarela, o material biológico do macaco foi enviado para o Laboratório Central do Estado (Lacen) que encaminhou para um laboratório referência fazer o diagnóstico. “Morreu, investiga-se a causa. Porque macaco morre todo o tempo, como sempre morreu, mas o macaco é o nosso indicador sentinela, por isso é interessante investigar a morte”, disse Ludmila.

A coordenadora ressaltou também que o macaco não é o responsável pela doença. “O macaco apenas aloja o vírus que é transmitido principalmente pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Temos que deixar a população tranquila para que não comece a matar o bicho. O macaco faz parte de uma cadeia biológica e não pode ser punido por isso”, salientou.

Na quarta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde de Rondonópolis encaminhou um pedido de 40 mil doses extra de vacina contra a febre amarela para serem distribuídas no município e em São José do Povo. “Recebemos o pedido e enviamos ontem mesmo para o Ministério da Saúde que irá avaliar o pedido. Acredito que até o início da próxima semana o ministério já tenha uma posição”, disse a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde, Flávia Guimarães.

Flávia ressalta que o Ministério da Saúde mudou a forma de distribuir vacinas porque está fazendo ações principalmente em Minas Gerais e Espírito Santo, onde existe o maior número de casos confirmados e, por serem áreas que antes não existia a recomendação de vacinação, surgiu agora à necessidade de vacinar toda a população.

Vacinação rotineira - A coordenadora ressalta que Mato Grosso recebe mensalmente do Ministério da Saúde, em média, 80 mil doses da vacina, quantidade considerada suficiente porque não existe a necessidade de se fazer uma vacinação em massa. “Mato Grosso é área de recomendação da vacina contra a febre amarela porque tem a circulação do vírus na mata. Por isso, a população já é vacinada rotineiramente”, explicou.

No caso de Rondonópolis e municípios vizinhos da abrangência do Escritório Regional de Saúde, as doses devem ser aplicadas unicamente em quem ainda não fez a vacina. “A população diante das notícias vai buscar a vacina. Só que muitas pessoas não têm o hábito de guardar o cartão de vacina e acabam se vacinando duas vezes, o que é um erro. O cartão é um documento de saúde, de proteção, que deve ser guardado, pois serve de prova que a pessoa já se vacinou e evita, assim, a revacinação”, alertou Flávia Guimarães. Conforme o Ministério da Saúde, uma primeira dose garante proteção por dez anos e, uma segunda dose, garante a imunização definitiva.

Em Mato Grosso, foram registrados de 1º de dezembro de 2016 a 20 de abril, quatro notificações de casos suspeitos de febre amarela, dos quais três foram descartadas e uma permanece em investigação.

Flávia explicou como é feito o procedimento na apuração dos casos. “Os casos suspeitos detectados pelas unidades de saúde nos municípios são notificados para a vigilância do município, que faz a notificação para o Escritório Regional de Saúde, que notifica o Estado, e que, por sua vez, notifica o Ministério da Saúde. Os casos suspeitos, tanto em macacos que aparecem mortos, como em pessoas que apresentam sintomas da doença, são investigados com a coleta de material biológico para confirmar ou descartar o caso”.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil vive nas últimas décadas o maior surto da febre amarela silvestre, atingindo principalmente os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que apresentam os maiores números de casos confirmados. Até o dia 20 de abril deste mês, foram notificados ao ministério pelas secretarias estaduais de Saúde 2.900 casos suspeitos da doença. Destes, 681 (23,48%) foram confirmados, 768 (26,48%) casos permanecem em investigação e 1.451 (50,04%) foram descartados. Do total de casos notificados, 372 evoluíram para óbitos, dos quais 234 foram confirmados, 103 foram descartados e 35 estão sob investigação.


 

FONTE: DIÁRIO DE CUIABÁ
EDIÇÃO: Ley Magalhães